Apesar da grande conquista em Portugal, o último dia de 1997 marcaria para sempre a carreira de Emerson Iserbem. Depois de uma arrancada no final da Avenida Brigadeiro Luis Antonio, o brasileiro derrotou nada menos do que Paul Tergat, impedindo o tricampeonato do queniano na Corrida Internacional de São Silvestre.
Apesar de ninguém negar seu talento, a vitória diante de Tergat causou surpresa, inclusive para ele. “Não imaginava vencer”, diz o atleta, que lembra ter sido a prova foi muito tranquila até a passagem dos 5 km (cerca de 14:20) e apenas a partir do km 7 deu uma acelerada. “Estávamos num grupo de seis atletas. Eu, o Vanderlei Cordeiro, o equatoriano Silvio Guerra, os sul-africanos Hendrick Ramaala e John Morapedy e o Tergat. Considerava que precisava ganhar apenas de um atleta daquele grupo para ficar entre os cinco no pódio.” Mas o grupo não se desfez e foi assim até a subida da Brigadeiro (km 12).
Tergat acelerou e abriu distância, deixando Iser Bem, Vanderlei e Ramaala um pouco para trás. O sul-africano deu um tiro para tentar abrir dos dois brasileiros. “O Vanderlei ficou e eu fui junto. Já tinha vencido o Ramaala em provas de cross e sabia que era possível. Mas ele deu outra arrancada ainda mais forte. Eu acelerei junto e, quando ele soltou, resolvi manter.” Naquele momento, o brasileiro já ocupava a 2ª posição. E, por incrível que pareça, seu objetivo não era buscar Tergat, mas sim escapar de Ramaala e principalmente de Vanderlei, que era forte em subidas, uma vez que a prova dava um carro zero para o melhor atleta nacional.
“Olhei para trás algumas vezes buscando o Vanderlei. Com essa preocupação de fugir dos que estavam atrás, acabei me aproximando do Tergat”, conta Iser Bem, que encostou no queniano e ali travou uma batalha pela primeira colocação. Mesmo não acreditando que poderia vencê-lo, o brasileiro entrou forte na Avenida Paulista. “Acelerei com todas as minhas forças e ele não respondeu ao meu ataque. Ainda assim eu imaginava que a qualquer momento ele poderia me ultrapassar. Só acreditei mesmo que tinha vencido quando cruzei a linha de chegada.”
A entrada na Avenida Paulista ainda permanece na sua memória como um momento mágico, como a primeira imagem que vem à cabeça quando lembra dessa prova.